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Entrevista com estudante do IFMA e seu período no A-Sol, como a educação popular transformou sua vida?
Por Melissa Castro
Melissa: Primeiramente, muito obrigada por participar da entrevista, Ana! Então, você estudou aqui em 2016, como conheceu o cursinho? E como foram as aulas para você?
Ana: Bom, eu conheci o cursinho através dos movimentos políticos do Artur e a minha mãe trabalhava para ele na época, pois defendia suas propostas para melhoria da sociedade! No começo das aulas, eu ficava um pouco perdida, pois as minhas aulas no ensino médio eram bem regulares, mas depois de grandes incentivos dos professores e auxílio, consegui conduzir de forma ampla os conhecimentos que me ensinavam.
Melissa: Por que você escolheu Física? E como tu foi parar no Maranhão (Monte Castelo, por que escolheu lá)? Morar com uma aluna que você conheceu pela página do IFMA?
Ana: Não sei exatamente como responder sua pergunta do porque escolhi Física… A Física é algo tão atrativo, apaixonante, majestoso, como não escolher? A Física vai além de todos os parâmetros que podemos citar… Eu sou apaixonada pela Física, desculpe minha empolgação (risos). Só que assim, quando era pequena, meu sonho era ser cientista, portanto isso foi me direcionando a este rumo que minha vida foi tomando. Ainda pretendo fazer mestrado em Astrofísica e doutorado em Astronomia… também quem sabe pós-graduação em Matemática rsrs. Cara, minha nota de corte foi muito baixa para concorrer em São Paulo ou outro lugar, próximo daqui… Lembro que nessa época meus pais estavam indo para o interior de Minas, eu precisava me jogar nessa oportunidade porque era necessário. Quando o Artur olhou minha expressão do tipo “você vai mesmo, né”? Logo em seguida compramos a passagem com a vaquinha da galera do A-Sol. Daí o Artur conhecia um aluno do cursinho que tinha família por lá e entramos em contato com eles para que, se acontecesse algo, eu teria um apoio. E assim foi, conheci uma garota através das redes sociais para ficar na casa dela até receber bolsa auxílio, mas claro, eu estava tão animada e com medo porque mano, imagina ir para outro lugar do estado ‘‘sozinha”, foi muito tenso, mas no final deu tudo certo.
Melissa: A bolsa auxílio estudantil, você recebe todo semestre? Como funciona?
Ana: A Bolsa estudantil funciona assim: o discente passa por um processo seletivo no qual tem que se identificar com vulnerabilidade, supondo que você passe neste processo irá receber R$ 400 por mês, durante 9 meses, e, quando termina esse período, o aluno tem que passar novamente pelo processo seletivo. Mas quando eu já havia passado no IFMA, o Artur surtou comigo junto e conseguimos o número do reitor do campus para explicar minha situação para ele, daí ele comentou que quando eu chegasse por lá, era pra eu ir diretamente entrar em contato com o reitor. E assim eu fiz, quando saiu o seletivo imediatamente havia passado, graças a Deus!
Melissa: Pelo que vi na internet, a cidade lá é linda! E sua família, amigos, as saudades de São Paulo, como foi passar esse tempo longe? Você voltava nas férias? Sua família chegou a viajar para lá?
Ana: O tempo que estive sozinha por lá me fez amadurecer bastante e criar novas amizades que são minha família lá. Não é fácil estar longe de quem amamos porque em algum momento desmoronamos e então precisamos de alguns confortos emocionais, sabe? As crises existenciais batem tão forte na nossa porta e sentimos quando queremos desistir. E nesses momentos, percebemos quem são literalmente as pessoas que podemos chamar de família, mas sempre que sinto falta das minhas amigas, meu noivo e a família dele, e a minha família estão ali me ligando todos os dias. Eu também construí uma família no Maranhão que são meus amigos também, eles estão 24h por dia comigo, se eu ligo para algum dizendo que não estou bem, eles imediatamente vem me confortar. Eu amo todas as pessoas que Deus colocou na minha vida e agradeço pela existência deles! Eu venho sempre nas férias para cá, minha família não chegou a ir para o Maranhão, mas meu noivo e sua família foram passar Ano Novo e Natal comigo, porque eu não tive férias devido aos problemas que ocorreram no IFMA, mas acredito que na minha colação de grau todos estarão por lá.
Melissa: E aulas no IF? Eu fiz o técnico aqui no IFSP de Guarulhos e sei que eles exigem bastante, aprendi muito. Como foi para você? Como foram ou vão ser as aulas por conta da pandemia?
Ana: O IFMA não tem uma estrutura boa para fornecer aulas durante a pandemia, pois sabemos que o nordeste em si tem muitas dificuldades de acesso à internet, portanto, para ter aulas em formato remoto, tem que ser com bastante cautela. Os IFs liberaram um auxílio digital para os alunos que não tem acesso à internet, ainda está em processo de seleção, mas quando acabar, liberarão o auxílio, e as aulas remotas começarão. Exigem MUITO, a nota mínima para passar na disciplina é 7, quando ingressei no campus, tive muita dificuldade com o linguajar de alguns professores, porque é muito puxado, então às vezes me perdia. Minhas aulas voltarão em formato remoto mês que vem, mas, durante todo esse tempo, tenho feito disciplinas em outras universidades para depois pegar o aproveitamento de disciplina.
Melissa: Por fim, o que o A-Sol mudou na sua vida além de conquistar a universidade?
Ana: O A-Sol trouxe pessoas especiais pra minha vida que jamais me esquecerei, trouxe solidariedade, compaixão, companheirismo e aprendizagem. Aprendizagem para o dia a dia, sabe? Aquela aprendizagem que temos que cuidar uns dos outros, se importar mais com o próximo. Agradeço muito por ter encontrado o A-Sol e ter descoberto que eu não estava sozinha, pois eles estavam caminhando ao meu lado.
Tenho muito a agradecer a todos vocês por essa oportunidade de estar aqui. Vocês estão gerando pessoas para o bem ♥.
Paixão pela física, astronomia e música. Primeira foto que tirei no IFMA em 2017.