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Registro vivo das tradições e saberes ancestrais
Por Fernando Tomé de Oliveira
Olá, querides leitores!
Nesta edição, convido vocês a conhecer um livro para além da sua função de informar. Um livro que tem a função de ser um registro vivo das tradições e dos saberes ancestrais, além da religião, e que traz nas suas linhas, o conhecimento das folhas, o litúrgico e o fitoterápico, que é mantido e vivenciado nas comunidades de terreiros. O livro busca registrar o conhecimento da comunidade tradicional Opo Afonjá de Salvador Bahia e foi escrito pela saudosa e imortal Stella de Azevedo, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayode.
O que as folhas cantam (para que canta folha), traz o nome científico, o nome popular e o nome em yoruba, utilizado nas tradições de matrizes africanas, além disso, também nos envolve nos mitos associados aquela folha e os ofós (cânticos tradicionais para evocar o poder contido em cada erva).
Para as tradições de matrizes africanas existe uma força interna em cada folha e esta força é despertada através destes cânticos que exaltam as qualidades da folha, para que ela desperte seu poder e beneficie aqueles que utilizam as folhas em unguentos, banhos, chás e afins. Este conhecimento centenário e milenar, que é passado de maneira oral, foi sintetizado e tomou forma neste belíssimo livro com participação de escrita de Iya Ibere e que tem as ilustrações de Rose Vermelho.
Organizado pelo Instituto de Inclusão, dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do CNPq.
Reflete a importância e o cuidado dispensado pelos povos tradicionais com a natureza ainda mais em momento tão triste vivido no mundo e em nosso país com altas queimadas e níveis extremamente preocupantes de desmatamento. Trazer este olhar ancestral de preservação, de respeito ao meio ambiente, de que uma ciência natural e respeitosa também é possível, que estes territórios tradicionais guardam grande conhecimento que beneficiam a toda a sociedade.
Um provérbio Yoruba diz que Kosi ewe, kosi Orisa, sem folha, sem vida (pois aqui podemos traduzir livremente orisá como a força geradora e mantenedora da vida.
Sobre a escritora:
Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayode, (Salvador, 2 de maio de 1925 – Santo Antônio de Jesus, 27 de dezembro de 2018) foi a quinta Iyalorixá do Ilê Axé Opó Afonjá em Salvador, Bahia.
Enfermeira, escritora, Yalorisa, Doutor Honoris causa pela Universidade Federal Da Bahia (UFBA), e também pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Membro da Academia Baian de Letras entre tantas outras coisas que com todo ceterza está potencia de mulher executou em sua vida
Premiações
- Em 2001 ganhou o prêmio jornalístico Estadão na condição de fomentadora de cultura.
- Em 2009, ao completar setenta anos de iniciação no Candomblé, recebeu o título de Doutor Honoris Causa[5] da Universidade do Estado da Bahia. É detentora da comenda Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), Ordem do Cavaleiro (Governo da Bahia) e da comenda do Ministério da Cultura.
- Em 2010, recebeu das mãos da vereadora Olívia Santana uma placa pelo centenário do terreiro Opó Afonjá ao lado do ministro da Cultura, Juca Ferreira e do secretário estadual da Cultura, Márcio Meirelles, no Plenário da Câmara de Salvador, Bahia. (fontes: Diário Oficial do Legislativo, 15 de julho de 2010.)
- Em 2013, foi eleita por unanimidade para ocupar a cadeira 33 da Academia de Letras da Bahia, cujo patrono é o poeta Castro Alves.[6] Tomou posse no dia 12 de setembro de 2013.
Livros
- “E Dai Aconteceu o Encanto”, Maria Stella de Azevedo Santos Salvador, 1988.
- “Meu Tempo é Agora “, Maria Stella de Azevedo Santos. 1a Edição: Editora Oduduwa, São Paulo, 1991. 2a Edição: Vol.1. Salvador, BA: Assembleia Legislativa da Bahia, 2010.
- “Lineamentos da Religião dos Orixás - Memória de ternura”- Cléo Martins, 2004; participação especial de Mâe Stella - Alaiandê Xirê- ISBN 8590467813.
- “Òsósi - O Caçador de Alegrias”, Mãe Stella de Òsósi, Secretaria da Cultura e Turismo, Salvador, 2006
- “Owé - Provérbios” - Salvador - 2007.
- “Epé Laiyé- terra viva”, conta a história de uma árvore que ganha pernas e vai lutar pela construção de um mundo que respeita o meio ambiente. Em sua trajetória o personagem ganha ajuda do orixá Ossain, divindade que domina o conhecimento sobre o mundo vegetal. Salvador - 2009.
“Opinião - Maria Stella de Azevedo Santos - Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá - Um presente de A TARDE para a história”, reunião de textos publicados no jornal A TARDE na coluna “Opinião”.