Comentário: a linha tênue entre o machismo e a realidade no funk

Por Vanessa Ferrari e Luiza Souza

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Muitas críticas feministas acompanham o funk por suas músicas explícitas e obscenas. Mas como qualquer outro estilo musical, o funk também traz sua realidade, que nesse caso é dentro da favela. Espaço onde poucos de fora enxergam. Espaço onde tudo é mais cru e, muitas vezes, violento.

Como voz feminina no funk, tivemos a pioneira Taty Quebra-Barraco, que lançou seu álbum em 2000. Suas músicas falam sobre líbido e liberdade feminina. Logo se tornou um grande sucesso e, em 2015, Taty foi apresentadora do reality show de funkeiras, programa que apresentou novas vozes femininas como a da MC Carol.

MC Carol se tornou uma grande voz dentro do funk e, mais adiante, lançou músicas como “100% feminista”, “Não foi cabral” e “Delação premida”. Questionamentos importantes foram levantados com essas músicas, e com isso outras vozes foram se inspirando.

Atualmente, temos Anitta, que começou cantando no coral da igreja, aos sete anos de idade. Mais velha, acabou postando um vídeo no YouTube e conseguindo um contrato com uma gravadora. Logo, fez muito sucesso, crescendo cada vez mais até se tornar um fenômeno, inclusive internacionalmente.

Mas como falar sobre feminismo quando o funk é um movimento majoritariamente masculino? Como falar sobre isso quando as letras são, sim, machistas, e em outros casos, um pouco mais raros, abordam crimes contra a mulher de uma forma romantizada?

Precisamos tentar entender, já que a música é criada pela realidade de cada indivíduo. Como um homem da periferia vai cantar sobre flores, quando sua realidade é cruel?

Visando todas as expressões nas músicas, o funk é mais um que mostra seu cotidiano com visões diversas e batidas envolventes. Dando, muitas vezes, a esperança de ter status social.

Vanessa Ferrari. Vanessa entrou no cursinho em 2014. Atualmente, cursa Psicologia na Fig-Unimesp, sendo voluntária no Cursinho A-Sol com ajuda psicológica aos alunos e funcionários, e é uma das roteiristas da coluna de “Cultura e Arte” da revista.

Luiza Souza. De Jundiaí, estudante e aluna do cursinho comunitário A-Sol.